segunda-feira, 26 de agosto de 2013

                          DEUS OLHA A ATITUDE INTERIOR - Lucas 18:9-14


Algumas frases se tornam jargões, ou seja, de tão repetidas perdem o significado. Por exemplo: "não julgue ninguém pela aparência". Essa frase comum já foi mencionada tantas vezes que perdeu seu impacto. Embora esteja desgastada, ela contém o espírito da parábola de Jesus no livro de Lucas, referindo-se a um grupo específico - os religiosos. Normalmente esse grupo é exclusivista e intolerante com o próximo.

Algumas pessoas supunham que a sua justiça era a melhor e ainda desprezavam os outros. Jesus então lhes contou a parábola sobre dois homens que subiram ao templo para orar, um fariseu e um publicano. Os fariseus se viam os mais corretos e justos. Jejuavam 24 horas duas vezes por semana e davam o dízimo de tudo, até do sal que comiam. Os publicanos eram mal vistos em Israel, pois tinham a fama de corruptos ao cobrar impostos. O religioso (justo), orando em seu íntimo se achou muito especial e disse: "Senhor, eu te agradeço porque não sou como os outros, mas sou diferente". Todavia o fiscal (pecador) orava: "Senhor, tem misericórdia de mim porque sou um pecador". Então Jesus terminou seu relato dizendo que apenas o publicano voltou para casa em paz com Deus (v.14).

Deus não se impressiona com demonstrações externas de religiosidade e com aparências. Muitos tentam comover os outros com a sua espiritualidade. Precisamos tomar cuidado para não nos tornarmos exibicionistas, vaidosos e arrogantes. Nossas atitudes podem deixar de ter um valor espiritual e passar a ser uma manifestação de vaidade e soberba, além de manifestar desprezo pelos outros.

                                              LIÇÕES DA PARÁBOLA

1- Não fale com Deus como quem tem o direito de reivindicar qualquer coisa.
Quando o religioso orou, em outras palavras estava dizendo: "Ó Deus, eu mereço, pois não sou qualquer um, mas sou uma pessoa de outra categoria, de outro nível". Ele se gabou dos seus méritos e quis apresentar diante de Deus as suas virtudes. Essa arrogância mostrava que existia um resíduo na alma desse homem. Ele era uma pessoa doente porque se achava "o melhor" diante de Deus. Sua religião era mecânica, de causa e efeito.

Muitos entram numa relação com Deus de partidas e contrapartidas, em outras palavras: "faça a sua parte e Deus terá que fazer a dele" ou "Deus fez o que tinha para fazer, agora faça a sua parte". Essa é a religião que temos que tirar da nossa cabeça, pois não tem nada a ver com o evangelho de Jesus.

Acreditamos que se fizermos tudo corretamente receberemos um "prêmio". É como o pai que chantageia seu filho para que ele lhe obedeça: "Se você se comportar bem, ganhará um presente". Pensamos que a nossa relação com Deus é assim. Vamos à igreja para recebermos os nossos prêmios: "Senhor, eu dei o dízimo, agora eu quero a minha bênção". Deus não trabalha assim. Infelizmente criamos uma religiosidade onde esperamos coisas de Deus baseados em nossos méritos. Pensamos poder acumular "pontos" com Deus e assim sermos abençoados, normalmente com dinheiro, conquistas profissionais e materiais.

Esse comportamento rouba de nós algo importante na vida cristã que é a graça, onde o Senhor nos abençoa sem que mereçamos. Deus nos dá porque somos preciosos aos olhos dele e Ele nos ama. Não recebemos nada por causa do nosso desempenho, mas por causa do coração paterno de Deus e pelo que Ele é. Muitos dizem: "Eu dei o meu dízimo, mas a minha vida financeira não vai bem". Isso é arrogância, pois em outras palavras estamos dizendo: "Eu fiz a minha parte, mas Deus está falhando".

"E se é pela graça, já não é pelas obras; do contrário, a graça já não é graça" (Rm 11:6). "Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie" (Ef 2:8-9).

2- Não fale com Deus querendo crescer em cima da fraqueza alheia.
Muitas vezes, para ganharmos créditos com Deus, nos comparamos com pessoas "menos virtuosas" do que nós: "Senhor, posso não ser o melhor, mas não sou como esses ladrões, corruptos e adúlteros; não estou tão mal assim". Funcionamos nessa lógica que é perversa. Procuramos pessoas com atitudes ruins para diminuir a nossa culpa. Construímos a nossa identidade desfazendo do outro, e vivemos a vida diminuindo as pessoas ao nosso redor para encobrir aquilo que somos. Nossas relações com Deus acabam sendo comparativas. Não podemos "jogar lama" ou desmerecer os outros porque também somos frágeis e suscetíveis a erros. Quando desfazemos dos outros queremos que Deus acredite em alguma coisa que na realidade não somos. Quando fazemos isso demonstramos falha no nosso caráter. Deus não se impressiona com orações bem elaboradas. Deus não ouve só o que falamos, mas lê também o nosso coração. "O Senhor diz: Esse povo ora a mim com a boca e me louva com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. A religião que eles praticam não passa de doutrinas e ensinamentos humanos que eles só sabem repetir de cor" (Is 29:13). O religioso orava "bonito", mas em seu coração desvalorizava e diminuía o publicano.

3- Não fale com Deus alegando virtudes que você já pratica.
Falamos com Deus baseados nas virtudes que já praticamos e valorizando aquilo em que somos bons. Existem coisas que são fáceis para nós. Por exemplo, se não fumamos e não nos embriagamos, então é fácil criticar quem faz estas coisas. Mas quando somos confrontados nas áreas da vida onde somos mais fracos, logo nos defendemos dizendo: "Não julgueis uns os outros". O fariseu fez isso, usou das suas virtudes e menosprezou o publicano.

Jesus ensinou que podemos falar com Deus sinceramente e sem complicações. Ele destacou a atitude do coração quebrantado e humilhado do publicano. Deus não nos compara com os outros, mas nos vê individualmente. O olhar de Deus não é religioso, não tem a ver com placa de igreja, mas tem a ver com o coração. Podemos falar com Deus tendo a percepção de que Ele é misericordioso. O publicano não reivindicou nada, mas pediu misericórdia. A palavra misericórdia vem de duas raízes latinas: miserere - miséria, cordis - coração. É voltar o coração para o que está em miséria. Isso é cristianismo. Os sãos não precisam de médicos. O justo exige seus direitos, mas o culpado pede clemência.

Nossa relação com Deus deve basear-se na graça. O publicano falou com Deus nesta percepção. Para Deus usar de misericórdia conosco Ele não exige nada, apenas um coração contrito e quebrantado (Sl 51:17). Deus não vê o cargo, o título, não valoriza sacrifício e nem oferta, mas o que agrada a Deus é o coração sincero. Para falarmos com Deus não precisamos ostentar "máscaras", mas apenas um coração verdadeiro. "O Senhor está perto dos que têm o coração quebrantado e salva os de espírito abatido" (Sl 34:18).

Deus abençoe!



sábado, 12 de novembro de 2011

QUEM PODE JULGAR?
 
"Não julgueis, para que não sejais julgados. Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós. E por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão, e não vês a trave que está no teu olho?" - Mateus 7:1-3.

Quando vemos, no ministério ou na igreja, um irmão ou uma irmã que cometeram pecado, existe pelo menos três coisas que nós não sabemos. Primeiro; não sabemos o quanto se empenharam para não pecar. Segundo; não sabemos qual o poder ou forças que os dominaram. E terceiro; não sabemos o que teríamos feito nas mesmas circunstâncias.

Temos o hábito de julgar as pessoas: "Ela é fraca e não sabe resistir aos momentos de dificuldades"; "Ele se deixa envolver facilmente com coisas erradas"; "Eles bem que poderiam ter evitado aquela situação"; e outros comentários semelhantes. Até parece que não erramos nunca, que não fraquejamos em nenhum momento, que somos sempre fortes e inabaláveis.

Por que, em vez de criticar e condenar os irmãos, não procuramos compreender a situação? Por que, em vez de virar as costas aos "pecadores", não nos oferecemos para ajudá-los, para abraçá-los, para mostrar-lhes algo melhor? Temos o dever de amá-los e não de diminuí-los ainda mais.

Por acaso nós nos colocamos em seus lugares? Será que realmente seríamos nós mais santos e firmes se enfrentássemos os mesmos dilemas? Resistiríamos mais se sofrêssemos as mesmas tentações? Agiríamos com mais honestidade se nos confrontássemos com as mesmas facilidades? Teríamos coragem de atirar pedras, como não tiveram os acusadores da mulher pecadora dos tempos de Jesus?

Por que o Senhor Jesus nos mandou cuidar primeiro do cisco de nossos olhos antes de querer tirar o dos nossos irmãos? Somos mais santos que eles? Somos mais puros que eles? Temos as vestes mais brancas do que as deles? Justamente esse é o nosso erro: queremos compaixão e misericórdia quando erramos, mas queremos severidade e justiça para aqueles que fracassam. Achamos sempre que a falha do próximo é injustificável, intolerável, que deve rapidamente ser punido, banido, cortado, mas não agimos da mesma forma quando cedemos às tentações e ao erro. Nós nos achamos melhores, e, queremos sempre ser aceitos, compreendidos e perdoados.
Como seria nosso sentimento, quando pecamos, se as pessoas agissem exatamente como nós agimos com os outros? Queremos perdão e misericórdia? Tolerância e paciência? Amor e compreensão? Primeiro devemos aprender a colocar em prática essas verdades com aqueles que também erram, pois "como vós quereis que os homens vos façam, da mesma maneira lhes fazei vós, também" (Lc 6:31).

Devemos ter a consciência de que não somos melhores que ninguém, e todos estão propensos aos mesmos pecados. Por isso a Palavra de Deus nos adverte: "Aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe não caia" (I Co 10:12). Todos nós carecemos da mesma graça, misericórdia e perdão de Deus. Por isso não nos cabe o direito de julgar aqueles que falham, mas devemos ser o reflexo de Jesus, perdoando, acolhendo, amando, mostrando o caminho certo e ajudando sempre!
Todos nós somos abençoados pela misericórdia e pelo amor de nosso Senhor. Que saibamos agir da mesma forma com todos que estão diante de nós.


Deus abençoe!

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

O QUE É UM MINISTÉRIO ?





"Dou graças àquele que me fortaleceu, a Cristo Jesus nosso Senhor, porque me julgou fiel, pondo-me no seu ministério" -
I Tm 1:12.

Segundo definição do dicionário Aurélio, ministério é cargo, incumbência, cumprir os deveres do seu ministério, o ministério cristão. Trata-se, portanto, de um serviço que se presta a outros.

Devemos compreender que um ministério não é algo em que nós deliberadamente nos colocamos. É somente Deus e o Seu Espírito Santo que pode conceder um ministério: "Mas todas as coisas provêm de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Cristo, e nos confiou o ministério da reconciliação" (II Co 5:18).

O ministério não é nosso. Não somos detentores do ministério, não é algo que possuímos. Nós fomos colocados no ministério do Senhor, por Ele mesmo, porque fomos achados fiéis, e porque nos foi concedida misericórdia de Sua parte (II Co 4:1). Deus jamais permitirá que infiéis e injustos permaneçam no seu ministério: "Tu não tens parte nem sorte neste ministério, porque o teu coração não é reto diante de Deus" (At 8:21). Todavia usará de misericórdia com aqueles que sinceramente desejam servi-lo, com o pouco que tem.

Qualquer capacidade para o ministério não é proveniente de nossa formação intelectual, seja ela qual for. Consideremos que existia alguém com formação intelectual, este era Paulo. Era mestre na escrituras judaicas, instruído aos pés de Gamaliel, conhecedor da lei de Deus como ninguém, e de muitas disciplinas acadêmicas, haja visto a linguagem e o teor profundo de suas epístolas. Todavia, o mesmo Paulo declara: "Não que sejamos capazes, por nós mesmos, de pensar alguma coisa, como se partisse de nós mesmos, mas a nossa capacidade vem de Deus. Ele nos fez também capazes de ser ministros de uma nova aliança, não da letra, mas do Espírito; pois a letra mata, mas o Espírito vivifica" (II Co 3:5-6).

Assim, pois, de quem é este ministério? Consideremos o que diz II Coríntios 3:7-11: "E, se o ministério da morte, gravado com letras em pedras, veio em glória, de maneira que os filhos de Israel não podiam fitar os olhos na face de Moisés, por causa da glória do seu rosto, a qual era transitória. Como não será de maior glória o ministério do Espírito? Porque, se o ministério da condenação foi glorioso, muito mais excederá em glória o ministério da justiça. Porque também o que foi glorificado nesta parte não foi glorificado, por causa desta excelente glória. Porque, se o que era transitório foi para glória, muito mais é em glória o que permanece".

Fica claro que o ministério é do Espírito Santo. Não somos nós que decidimos o que fazer, quando e de que forma, mas necessitamos da direção do Espírito a fim de realizarmos o trabalho que Ele tem para nós, pois o ministério é dele. Ele fala através de nós. É o tesouro em vaso de barro (II Co 4:7). É verdade que somos limitados e finitos, mas aprouve a Deus colocar em nós Seu Espírito, manifestar-se a nós e através de nós.

O próprio Jesus não iniciou seu ministério sem antes o Espírito Santo descer sobre ele. Antes disso, ele não pregou, não curou ou exerceu qualquer serviço. Isto nos leva a refletir sobre nossa posição atual. Se iniciarmos um ministério, um serviço a Deus, sem convicção do nosso chamado, ou se, no desenvolvimento da nossa vida espiritual, começamos a participar em algum ministério, mas não buscamos em Deus uma Palavra que confirme este chamado, e nos firme nele, certamente corremos o risco de naufragar. Podemos observar que não são poucos os cristãos que começam algo e não concluem, ou não chegam a lugar algum, encontrando sempre uma justificativa para sua desistência.

Consideremos que o desejo de Deus é nos fazer participantes do ministério do Seu Espírito Santo, pois para isto mesmo ele “... subindo ao alto, levou cativo o cativeiro, e concedeu dons aos homens" (Ef 4:8). "A manifestação do Espírito é dada a cada um para o que for útil" (I Co 12:7). Assim sendo, há um lugar para todo cristão que sinceramente deseja servir ao Senhor, com um coração reto.

Deus abençoe!